Tá vendo aquele edifício moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição, eram quatro condução
Duas pra ir duas pra voltar,
hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto,
mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado tu tá aí admirado ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido vou pra casa entristecido,
dá vontade de beber.
E pra aumentar o meu tédio eu nem posso olhar pro prédio
que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento fiz a massa pus cimento
ajudei a rebocar.
Minha filha inocente vem pra mim toda contente:
pai vou me matricular.
E me diz um cidadão criança de pé no chão aqui não pode estudar.
Essa dor doeu mais forte por que é que eu deixei o norte,
eu me pus a me dizer.
Lá a seca castigava, mas o pouco que eu plantava tinha direito a comer.
Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e badalo enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim, valeu a pena tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse:
rapaz deixe de tolice não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra, enchi o rio e fiz a serra
não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas e na maioria das casas
eu também não posso entrar.
(Cidadão, música composta por Lúcio Barbosa)
Postado por Cristiane Alberto.